The Wall Street Journal, 20 de setembro de 2016
O mundo foi perturbado por um surto de migração forçada. Dezenas de milhões de pessoas estão em movimento, fugindo de seus países de origem em busca de uma vida melhor no exterior. Alguns estão escapando da guerra civil ou de um regime opressivo; outros são expulsos pela extrema pobreza, atraídos pela possibilidade de progresso econômico para si e suas famílias.
Nosso fracasso coletivo em desenvolver e implementar políticas eficazes para lidar com o aumento do fluxo contribuiu enormemente para a miséria humana e a instabilidade política - tanto nos países em que as pessoas estão fugindo quanto nos países que os hospedam, voluntariamente ou não. Os migrantes são frequentemente forçados a viver em desespero ocioso, enquanto os países anfitriões não conseguem colher os benefícios comprovados que uma maior integração pode trazer.
Os governos devem desempenhar o papel de liderança no enfrentamento dessa crise, criando e sustentando infra-estrutura física e social adequada para migrantes e refugiados. Mas aproveitar o poder do setor privado também é crítico.
Reconhecendo isso, o governo Obama lançou recentemente um “Chamado à Ação” pedindo às empresas dos EUA que desempenhem um papel maior no sentido de enfrentar os desafios impostos pela migração forçada. Hoje, os líderes do setor privado estão se reunindo nas Nações Unidas para assumir compromissos concretos para ajudar a resolver o problema.
Em resposta, decidi destinar US $ 500 milhões para investimentos que atendam especificamente às necessidades de migrantes, refugiados e comunidades anfitriãs. Eu investirei em startups, empresas estabelecidas, iniciativas de impacto social e negócios fundados por migrantes e refugiados. Embora a minha principal preocupação seja ajudar os migrantes e refugiados a chegar à Europa, estarei à procura de boas ideias de investimento que beneficiem os migrantes em todo o mundo.
Esse compromisso de eqüidade de investimento complementará as contribuições filantrópicas que minhas fundações fizeram para lidar com a migração forçada, um problema em que temos trabalhado globalmente há décadas e ao qual dedicamos recursos financeiros significativos.
Buscaremos investimentos em uma variedade de setores, entre os quais a tecnologia digital emergente, que parece especialmente promissora como uma forma de fornecer soluções para os problemas específicos que as pessoas deslocadas frequentemente enfrentam. Os avanços nesse setor podem ajudar as pessoas a obter acesso mais eficiente aos serviços governamentais, legais, financeiros e de saúde. As empresas privadas já estão investindo bilhões de dólares para desenvolver esses serviços para comunidades não migrantes.
É por isso que o dinheiro agora se move instantaneamente de uma carteira móvel para outra, os motoristas encontram clientes usando apenas um celular e como um médico na América do Norte pode ver um paciente na África em tempo real. Personalizar e ampliar essas inovações para servir aos migrantes ajudará a melhorar a qualidade de vida de milhões de pessoas em todo o mundo.
Todos os investimentos que fazemos serão de propriedade da minha organização sem fins lucrativos. Eles pretendem ser bem sucedidos - porque quero mostrar como o capital privado pode desempenhar um papel construtivo ajudando os migrantes - e qualquer lucro será destinado a financiar programas nas Fundações Open Society, incluindo programas que beneficiam migrantes e refugiados.
Como defensores de longa data da sociedade civil, estaremos focados em garantir que nossos investimentos levem a produtos e serviços que realmente beneficiem migrantes e comunidades anfitriãs.
Também trabalharemos em estreita colaboração com organizações como o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados e o Comitê Internacional de Resgate para estabelecer princípios para orientar nossos investimentos. Nosso objetivo é aproveitar, para o bem público, as inovações que somente o setor privado pode oferecer.
Espero que meu compromisso inspire outros investidores a perseguir a mesma missão.
Fonte: George Soros